"Estou aqui, vivendo, e não me podem extrair o usufruto da vida porque, através da minha palavra atuante, sobreviverei mesmo após a morte. Vim aqui para ser por todos e com todos, e o que faço hoje na minha solidão ecoará amanhã entre todos os homens.
O que digo hoje com apenas meu coração será dito amanhã por milhares de corações."
Há um mês, ouvi pela primeira vez um poema de Gibran Kahlil Gibran.
Confesso que não conhecia esse artista que nasceu no Líbano no final do século XIX e que me encantei com seus escritos - profundos e repletos de sensibilidade e espiritualidade.
No mundo ocidental, esse poeta, filósofo e artista chegou a ser chamado de "o Dante do século XX". Para seus admiradores do Oriente Médio, ele é o Amado Mestre.
Um Mestre que na semana do Dia das Mães, merece ser lembrado pela obra escrita em 1923.
~ Os Filhos ~
(Do Livro "O Profeta")
Uma mulher que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos."
E ele falou:
Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis dar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na direção do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável."
Os vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da vida que anseia por si mesma...
Esse é o reencontro do homem com o que ele tem de melhor em si mesmo. A vida que anseia por si mesma!
E como é difícil a missão de entregar à vida aquilo que ela deseja... Qual é a mãe ou pai que não pensa no dia em que seus filhos deixarão seus cuidados?
Preferia que pudessem viver eternamente debaixo de minhas asas, sendo muito bem cuidados. Acontece que os filhos crescem e têm sua vida própria. E minhas próprias asas, então, precisarão reaprender a voar. Criá-los para o mundo significa aceitar que um dia eles irão sair de casa pra viver em outro lugar, enfrentando os desafios que a vida nos impõe. Para isso, espero entregar filhos felizes, honestos e prontos a viver exatamanete aquilo que a vida quer... (Ops! Lembrei do post de @Samegui - Você compartilha nas redes sociais sua receita de vida?)
Assim como no mundo empreendedor, a independência acontece aos poucos. Preparamos as "flechas" e o mundo se encarrega de cuidar do alvo.
Nas atividades mais simples do dia-a-dia, eles nos mostram que cada aprendizagem os preenche de competências e capacidades para seguir adiante... A iniciativa para começar, as tentativas, a frustração frente ao erro, a perseverança para tentar de novo, saber buscar ajuda, tentar e tentar quantas vezes forem necessárias até atingir o êxito e poder curtir a vitória!
Permanecer estável, ser "arco" capaz de estimular hábitos de independência desde cedo ajuda nossas crianças a tornarem-se adolescentes mais seguros e, posteriormente adultos, mais responsáveis, bem resolvidos, organizados e empreendedores.
Acredito que é isso que a vida anseia de nós!
Ana,
ResponderExcluirParece que sua aguçada sensibilidade empreendedora potencializa em você a maior força existente no universo... o amor de mãe.
Parabéns sempre,
Bruno