O novo ambiente de negócios mostra que a evolução das necessidades dos clientes tem mudado ao longo dos anos. Graças a economia globalizada, os consumidores estão mais bem informados e mais fiéis às marcas e organizações que lhes dêem razões para confiar.
A revolução tecnológica eliminou distâncias e multiplicou a troca de informações via televisão, jornais, rádio, telefone e internet. A revolução educacional diminui os índices internacionais de analfabetismo, levou um crescente número de pessoas à escola e gerou em toda a população um desejo cada vez maior de informações. Por conseqüência, uma revolução cívica, representada por milhões de pessoas organizadas em todo o mundo, reunidas em associações e organizações não-governamentais (ONG), defendem seus direitos e seus interesses: como a promoção social e a proteção ambiental.
Não há mais como negar que os limites de nosso planeta são finitos e poucos ainda aceitam a destruição de florestas, a poluição das águas, o trabalho escravo ou produção de resíduos em troca do aumento da produtividade e do faturamento. Novas variáveis, além da qualidade e preço, entraram no jogo da gestão de negócios; os consumidores esperam mais de seus fornecedores. (e isso não é mais papo de cientistas, ambientalistas ou “ecochatos”, como já eu ouvi por aí.)
Empresas que estão apostando em responsabilidade social e diálogo com todos os atores de seus processos têm conquistado mais clientes, respeito da sociedade e conseguido maior comprometimento dos funcionários. Ao aspirar uma gestão mais consciente, diminuem o risco de mortalidade e tornam a própria empresa um agente de mudança cultural, contribuindo para uma sociedade mais justa e solidária.
Mas para isso não basta gerir a empresa cumprindo suas obrigações legais e requisitos tangíveis dos produtos e serviços. É preciso ir além e investir em relações éticas e transparentes com todos os públicos dos quais a empresa depende: parceiros e fornecedores, clientes e funcionários, governo e sociedade.
Segundo o Instituto Ethos, Responsabilidade Social Empresarial “é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.”
Pelo retorno que traz – em termos de reconhecimento (imagem) e melhores condições de competir no mercado, além de contribuir substancialmente para o futuro do país –, o movimento da Responsabilidade Social Empresarial vem se fortificando dia após dia.
Mas como nem todo empreendedor nasce sabendo, acredito que chegou a hora de quebrar o mito da responsabilidade social empresarial (RSE) e falarmos em como ela se aplica no dia-a-dia da empresa, certo?
Comecemos entendendo que RSE é uma nova forma de pensar a gestão do negócio e deve nortear todas as decisões que o empresário toma no dia-a-dia. Não podemos confundi-la com ações assistenciais realizadas paralelamente ou fora do negócio de forma pontual ou sistemática. Isso é filantropia. Bonito como ato de dividir e partilhar, mas pouco para ser considerada prática de RSE.
Ao assumir o compromisso de atuar com responsabilidade social, uma empresa enfrentará o desafio de ampliar de forma expressiva a abrangência dos assuntos com os quais terá que lidar. Da mesma forma, viverá a oportunidade de se destacar por boas práticas corporativas, conseguir um relacionamento mais produtivo com clientes e fornecedores e experimentar um novo modelo em que a parceria traz bons resultados a todos os envolvidos.
Comece reavaliando seus processos internos, otimize o uso dos recursos naturais (energia e água, principalmente), conheça melhor a origem e o destino dos materiais usados e processados (rastreabilidade e reciclagem) e entenda as particularidades desses aspectos no seu negócio.
Além disso, preste atenção às pessoas ao seu redor. A empresa socialmente responsável preocupa-se com o local de trabalho, diversidade (não aceita práticas discriminatórias), desenvolvimento profissional dos funcionários, gestão participativa, evita demissões e oferece bem estar e segurança aos funcionários. Empresas que valorizam seus funcionários valorizam, na verdade, a si mesmas.
Respeite a comunidade em seu entorno, ofereça empregos para pessoas dos bairros próximos, deixe seus funcionários praticarem trabalhos voluntários, incentive programas de carona, evite terceirizar serviços para empresas que não tenham boas práticas de gestão, participe de conselhos e associações, comprometa-se com o fim da corrupção, alinhe cada decisão à sua missão, visão e valores. Não aqueles que ficam apenas no banner, mas aqueles que fazem parte da essência do seu negócio.
Parte do desafio da responsabilidade social consiste em traduzir o discurso e a boa vontade em prática efetiva das empresas. A maioria dos pequenos negócios opera com margens reduzidas e tem três importantes objetivos: economizar reduzindo custos, aumentar produtividade e obter mais vendas. Será mais fácil atingir esses objetivos tendo como base a gestão responsável do negócio e equilibrando as exigências da competitividade e a necessidade de assegurar o desenvolvimento sustentável.
Toda nova escolha depende de compromisso e determinação para a mudança. Mãos a obra!
ANA MARIA MAGNI COELHO
Publicada no caderno Diário Empresarial
26 de maio de 2011
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