QUEM QUER DINHEIRO?

“Como camelô, eu já era um empresário. Mantinha três funcionários…”

( Silvio Santos )

Gosto da maneira como Silvio Santos leva a vida. Afinal, nesta altura do campeonato, ele poderia pendurar as chuteiras e desfrutar de todo o patrimônio que construiu em décadas de trabalho. Mas Senor Abravanel não é assim... Ele tem uma ligação especial com a corporação que edificou. Não se trata apenas de uma fonte de sustento. Na TV, ele se realiza como pessoa, como profissional e como comunicador – um dom que nos momentos mais difíceis, o ajudou a superar e a vencer.

Entre as inúmeras atividades que tem no Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), Silvio Santos é âncora de um programa de auditório que leva seu nome e que permite que o público interaja diretamente com ele. Cada vez que entra no estúdio para gravar, o ex-camelô recicla sua popularidade como, aliás, poucas lideranças conseguem fazer.

Apesar de ser quem é e de ter o dinheiro que tem (bobo é quem imagina que ele esteja “falido”), este carioca mantém um perfil totalmente pop, mas longe de perfumarias.
Além de promover dinâmicas com as "colegas de trabalho" e a "plateia", ele beija, abraça, tira sarro, canta, dança e não se importa nem um pouco com o ridículo. Não esqueceu de sua essência, apenas porque conquistou o poder. Não é porque é dono de um conglomerado de comunicação, de títulos de capitalização, de lojas de eletrodomésticos, de empresa de cosméticos, de hotéis luxuosos e de jogos de sorte que ele não vai se divertir e ser quem acha que deve ser - ELE MESMO!

O mesmo Silvio Santos que joga aviõezinhos de dinheiro em seu programa é quem dirige o próprio carro, vive hábitos simples, dispensa uma comitiva de seguranças vestidos de preto atrás de si e não se desfaz das pessoas, principalmente as mais humildes, como se reinasse no Olimpo. Vale lembrar que estamos falando de um dos maiores contribuintes da Receita Federal brasileira, e que ainda assim, não tem duas ou mais personalidades.

Diante das excentricidades que alguns famosos (e outros comuns) costumam exibir no dia a dia, Silvio é um exemplo a ser seguido. É o chefe que gostaríamos de ter, é o empresário que gostaríamos de ter como sócio. É alguém que o Brasil não se importa em ajudar, mesmo sendo ele o "dono do Baú".

Quando veio à público compartilhar a informação de que seu Banco PanAmericano passava por problemas financeiros, recebeu de pronto o apoio do mercado financeiro brasileiro. E mais: passou a receber várias cartas e e-mails de pessoas humildes, assalariadas de todo o País, entre funcionários, telespectadores e clientes, que lhe ofereciam pequenas quantias em dinheiro para ajudá-lo naquele "momento de dificuldade".

O mundo pode ter mudado muito nos últimos anos, mas pelo visto, as atitudes que nos fazem reverenciar alguém continuam as mesmas. Temos IPad, Twitter, Facebook, carro elétrico, dinheiro de plástico (cartão de crédito e débito), telefone celular e nanotecnologia, mas nada disso valerá se reinar a grosseria, a ignorância, a hipocrisia, a intolerância, a arrogância e a falta de educação.

Sílvio Santos é muito mais do que um mito, ele nos ensina semanalmente que com carisma e respeito ao outro, podemos ir muito mais longe. Bom humor, gentileza e humildade são bilhetes premiados àqueles que desejam ganhar o mundo. "Quem quer dinheiro?"

ANA MARIA MAGNI COELHO

Publicado no Caderno Opinião - MogiNews

16 de julho de 2011