"Se você não possui o sentimento de lealdade, vá buscá-lo!
Somente os nobres o possuem"
(Mestre Yoshihide Shinzato)
"Coloque a lealdade e a confiança acima de qualquer coisa: não te alies aos moralmente inferiores", dizia Confúcio, uma das figuras históricas mais conhecidas na China como mestre, filósofo e teórico político.
Ser leal não é uma virtude fácil, nem uma questão de emoções ou sentimentos. Lealdade requer reflexão. A atividade frenética e falta de racionalidade em algumas decisões podem desviar nossa atenção de valores, interesses e vínculos intrínsecos no conviver em rede.
Times de futebol, partidos políticos, casamentos, amizades... Como têm sido frágeis as alianças que hoje unem as pessoas. Confúcio se assustaria!
Muitas vezes, se dá a palavra sem pensar nas conseqüências e nas possibilidades reais de cumprí-la; ou pior, sem a intenção prévia de cumprí-la de fato. Assumem-se responsabilidades sem o real desejo de ser leal a tal decisão.
Lealdade pressupõe confiança, constância e retidão nos sentimentos e ações. É admitir-se como alguém capaz de colaborar, melhorar e se desenvolver em harmonia com outras pessoas e contribuir para que elas também façam o mesmo.
Por mais que os seres humanos nos causem decepções, ser leal é manter-se cúmplice aos compromissos “até a morte”. Virar as costas a quem errou não demonstra maturidade, mas ingratidão. Quem é leal não se acovarda, não espera “para ver como as coisas ficarão”, coloca-se de imediato ao lado do outro e da sua classe. Se um amigo, funcionário ou parente se comporta inadequadamente, será leal aquele que lhe chamar a atenção e orientá-lo por um novo caminho, ainda que seja desagradável e custe certo esforço. Cumplicidade não é apenas guardar segredos, é reconhecer que algo errado pode acontecer, mas ainda assim manter o controle e parceria. Não existe meio termo, na conduta da lealdade ou se é ou não se é.
Lembram-se das amizades de quando éramos adolescentes? Nessa fase, compreendemos que ser leal significa defender ao outro e apoiá-lo, independentemente de ter agido bem ou mal. É claro que existem valores éticos e morais que amadurecem com o passar dos anos, mas ser leal sempre significará estar ao lado dos compromissos que nós mesmos escolhemos assumir. Quando essa atitude se manifesta, o sujeito alcança um plano superior em questão de moral, é quase a confirmação de que a corrupção dos costumes não consegue contaminar a todos.
Sou consciente de que é mais fácil ser leal quando sentimentos positivos apóiam o compromisso. Acredito também que existam situações limítrofes, em que a lealdade se encerra pela gravidade do rompimento de nossos valores. Mas me assombro com aqueles que se dizem parceiros, mas que ao menor sinal de ameaça "abandonam o barco à tempestade". É assim no futebol, na política e nossos relacionamentos.
Ser leal com o outro não significa que eu me deixe conduzir para alguma coisa má. Pelo contrário, é dizer ao mundo: "Pode confiar em mim, pois estarei ao seu lado. Contudo, não permitirei que você me desvie do caminho certo, nem das minhas convicções, nem do meu verdadeiro ser".
Por isso, faço coro a Confúcio: "não te alies aos moralmente inferiores", pois, ao abandoná-los, o desleal será você!
ANA MARIA MAGNI COELHO
Publicado no Caderno Opinião - MogiNews
23 de julho de 2011
Eu ando muito preocupado, refletindo sobre esse sentimento.
ResponderExcluirO hedonismo e a cultura do "primeiro eu (ou primeiro o meu)" tá dando de 10 a zero na lealdade, constância e vínculos afetivos...
Oi Roberto...
ResponderExcluirTenho visto e vivido tantas coisas que me inspiraram a escrever um pouco sobre essa virtude.
Quem é leal coloca seus interesses e vaidades em segundo plano se for preciso, pensa no bem comum, age com responsabilidade, diligência e firmeza. Essa tendência de busca do imediato, do prazer individual a qualquer preço como única e possível forma de moral realmente faz a lealdade perder espaço nos relacionamentos atuais.
Eu sinto muito mesmo! Costumo dizer que sou muito "pra sempre" e acho uma pena que as pessoas esqueçam as conseqüências de suas próprias escolhas e vivam relações tão frágeis.
Quem sabe ser leal apóia os seus, do começo ao fim, aconteça o que acontecer. “Todos juntos como uma família” prontos a dar bronca, a conviver, a lutar e crescer junto! Eu ainda (E SEMPRE) acredito nisso!
Um beijo
@AnaMariaCoelho
Ser muito pra sempre é bom. Sentimentos duráveis são bons. Tô casado há 30 anos e ainda acho que minha lealdade a esse relacionamento (não só à minha mulher) continua valendo a pena.
ResponderExcluirPoucas pessoas entendem uma crítica construtiva como lealdade, poucas, como você escreveu, refletem sobre a quem conferem sua lealdade.
A lealdade cega ou a de moda (ou às causas de momento) são prejudiciais, uma perda de tempo.
Tenho sorte, sempre tive familiares, amigos e clientes leais que demonstraram isso no momento certo e da forma certa.
Bjs
Amei o texto me identifiquei com ele e pude me entender melhor por tais pensamentos ideias atitudes e açoes no dia a dia e costumo sempre dizer quem tem um coraçao leal tem uma grande virtude.bjs.
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