sábado, 28 de maio de 2011

EPIDEMIA WORKAHOLIC

Se não pisarmos no freio no mundo corporativo, vamos morrer cedo! É fato, notório e bem sombrio. Isso é o que afirma a matéria principal da revista Você S/A deste mês (maio/2011) e também o que tenho refletido demais nessa primeira semana de uma licença médica que me afastou do trabalho em função de uma lombalgia e problemas no ciático. 
O texto da revista Você S/A não tem outro objetivo senão colocar um certo medo em executivos que estão se acorrentando (às vezes, sem perceber) aos seus computadores, idéias, dinheiro, blackberrys e ao clube do uísque – durante uma boa reunião de negócios, é claro. 
Sendo consciente ou não, o fato é que qualquer escolha gera conseqüências. Uma delas é a sensação de que hoje o mundo gira muito mais rápido que antigamente. 
Por mais que façamos várias coisas durante o dia e até de noite, vamos dormir (quando sobra tempo) com um sentimento estranho, que grita aos nossos ouvidos que não fizemos nada, que o tempo não rendeu e que amanhã será pior.
Afinal, somam-se às tarefas de ontem, as responsabilidades de hoje e haverá acúmulo de trabalho, de obrigações e, sobretudo, de cobranças – inclusive, as próprias, que entopem artérias tão bem quanto um bom pedaço de bacon. Os americanos criaram uma expressão para definir essa sensação angustiante: FOMO – um acrônimo de Fear Of Missing Out. Traduzindo: o medo de perder algo importante.
Tudo bem que, às vezes, é bacana esticar um pouco mais no trabalho, para ver, finalmente, aquele projeto pronto (não é preciso esperar pelo amanhã, não é?) É bacana, esporadicamente, levar alguma coisinha do escritório para casa para melhor refletir, esboçar, ou finalizar. Assim como é ótimo, de vez em quando, pegar aquele domingão de sol para colocar fim num trabalho que está há meses morando em cima da mesa de seu home office.
Às vezes, às vezes, às vezes, que fique claro!
Quando o quebra-galho vira rotina, quando o provisório vira permanente a vaca vai para o brejo. Não há sono de oito horas, banho quente, floral e chá de sete ervas que dê jeito em sua cabeça e você não consegue se desligar. A mente não consegue mais se organizar por horários, pois todas as horas são para o trabalho. O lazer, a ginástica diária, aquela ida ao salão de cabeleireiros e até mesmo os momentos fúteis em frente à TV dão lugar, apenas, à profissão. 
E essa neurose (ih, olha eu escrevendo novamente sobre neurose!) não tem ligação íntima com competência, é bom lembrar.
Dá para ser competente e comprometido sem ter de ficar conectado 24 horas por dia, pensar em trabalho nos momentos de folga e cancelar compromissos familiares ou com amigos para arrumar o armário do escritório!
Para não enlouquecer, sugiro que defina prioridades, de acordo com o momento de sua carreira. É sadio, também, selecionar fontes de informação relevantes. Você não precisa ler todos os e-mails minuto a minuto, atualizar o Facebook a cada uma hora ou ficar preocupado com o Twitter. Essas ferramentas surgiram para facilitar a comunicação e o acesso à informação; não para ser fonte de preocupação. Aprenda, ainda, a não se comparar a todo instante. A angústia que isso causa é fatal. 
É claro que não estou escrevendo esse post com a idéia de dar lição de moral em ninguém, afinal se a matéria me chamou tanto a atenção é porque obviamente me identifiquei imediatamente com o seu título. Aliás, entre os meus amigos mais próximos poucos são aqueles que vivam situações diferentes das descritas no parágrafo anterior.
Ou pior, poucos são os que não se identificam com as frases da matéria:
"Trabalho 60 horas por semana" (a equação é simples: ou trabalham 12 horas por 5 dias ou deixam o final de semana ao esquecimento)
"Estou 24 horas plugado no meu smartphone" (e até durmo com ele na minha cama)
"Não basta ser competente, preciso ser eficaz e inovador" (isso me lembrou o ambiente psicótico da Superinteressante)
"Vivo em fadiga permanente" (até o corpo te mandar parar, né???)
Segundo o médico Gilberto Ururahy, diretor do laboratório carioca de diagnósticos Med-Rio, 50 mil check-ups de gestores brasileiros foram alvo de análise criteriosa em 2010. Do total, 70% convivem com altos níveis de estresse, 50% são obesos e sujeitos a doenças cardíacas e diabetes, e 8% sofrem de depressão, ou seja, o atual estilo de vida do trabalhador brasileiro, do estagiário ao presidente da companhia, está doente.
Por isso, equilibre o desejo em ascender profissionalmente com a necessidade de viver. Entenda os limites entre trabalhar duro e alimentar o workaholic que existe em você.


E por falar em alimentar: elimine aquele pacote de biscoito recheado esfarelando em cima de seu teclado. Não faça de seus horários de almoço mais um momento da empresa. Estabeleça um horário regrado para colocar no prato grãos, proteína magra e muito verde, entre legumes e verduras com direito à mastigação eficiente e demorada. E água, muita água. A má alimentação vem sendo desculpa certeira dos que têm uma jornada de trabalho pesada. Mas isso também é uma questão de escolha!
Então, nesse momento, você já deve estar louco pra me perguntar: “O que fazer, Ana?”
Ora, passar a gostar da sua própria vida pode ser um grande incentivo para querer melhorar certas coisinhas.
Há hora para tudo, para trabalhar e para descansar. Defina horários para ser o melhor profissional e não cumpra esse papel nos momentos reservados para os parentes ou para o seu edredom, pantufa e roupão. Estabelecer limites para ligações também é uma boa. Após um determinado horário, inclusive, não atenda ao celular, ao telefone fixo e ao skype. Sossego é a palavra de ordem! E ser for alguém importante? Imagino que não há nada e nem ninguém mais importante que VOCÊ! 

ANA MARIA MAGNI COELHO
Publicado no Caderno Opinião - MogiNews
28 de maio de 2011 

8 comentários:

  1. Olá bom dia!
    blog excelente matéria muita boa.
    Até mais.

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  2. Boa noite!!!
    Adorei o texto e encaminhei para meu grupo do curso da FGV. Depois te mando os comentários.
    Parabéns pelos textos fantásticos como sempre!
    Beijos,

    Cezar Augusto S. Lopes

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  3. Oi Cezar
    Fico super feliz que o texto possa contribuir para a reflexão de mais e mais pessoas sobre os limites entre a competência e o deixar de viver.
    Vou adorar conhecer os demais comentários.
    Um beijo
    Ana Maria Coelho

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  4. O importante é que vc compreendeu a linguagem do seu corpo!

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  5. Se não paramos com consciencia, o nosso corpo nos obriga, melhoras pra você, bjks

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  6. Olá Ana, sou colega do Cesar no curso da FGV on line e ele nos passou seu artigo.Adorei-o!Achei simplesmente perfeito!Me fez parar e refletir como estou conduzindo minha vida pessoal e minha carreira.Excelente texto!Abraço e se cuide!
    Eziane S. Augustin

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  7. Cool blogpost at least I think so. Thnx a lot for enlightning this data.

    Jerry Phillsen
    cell jamming

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