Em tempos de preparação para a Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil, a questão da honestidade e ética na preparação dos campeonatos tem sido pauta desde os mais sofisticados encontros de gestores até conversas entre amigos no elevador ou na mesa de bar.
É claro que além da transparência esperada na preparação da estrutura, o esporte traz para as empresas inúmeras analogias: bater recordes, compor times de trabalho, ter jogo de cintura, jogar limpo (ou sujo) nos processos.
Associar sua empresa a atividades esportivas pode melhorar o comprometimento da equipe, rejuvenescer a marca, aumentar as vendas e/ou ampliar a força da sua imagem. Especialistas afirmam que se o conceito de “fair play” for aplicado no ambiente de trabalho, sua empresa só tem a ganhar.
Ter espírito esportivo abrange o respeito às regras, ao adversário, ao colega, ao treinador e ao público. Envolve treinamento exaustivo e dedicação constante, muitas vezes sem esperar nada em troca. Afinal, nem todo bom atleta tem a sorte de figurar entre os jogadores mais bem pagos dos maiores times de futebol do mundo.No ambiente empresarial, o fair play tem relação direta com o ambiente formal e informal dos processos. O primeiro está relacionado ao cumprimento das regras legais, jurídicas e tributárias e o segundo aos valores morais estabelecidos pela sociedade e pelos empregadores.
Ainda que a pressão por metas e resultados pareça sufocar as possibilidades de jogo limpo, cabe às pessoas estabelecer relacionamentos de cooperação e de desenvolvimento compartilhado. Competir não significa destruir o adversário, mas preparar-se para superá-lo dentro dos padrões e regras estabelecidas. O fair play só será quebrado se as pessoas, em vez de pensarem no resultado da empresa, pensarem unicamente em seu resultado pessoal.
Quando competimos de maneira justa e responsável, somos estimulados a evoluir, a desenvolver nosso potencial e a provar que somos tão capazes quanto supôs a pessoa que nos contratou. E não se iluda acreditando que isso vale apenas para as pessoas. O conceito de competição sustentável vale desde a contratação de um novo colaborador para o seu time até a assinatura do contrato de licitação que sua empresa sonha conquistar.
Quando pautada por valores e ética, a competição inspira à superação e à cooperação. As pessoas tendem a compartilhar suas estratégias se percebem que podem ganhar junto à própria empresa e aos outros. Trata-se do famoso relacionamento “ganha-ganha” onde para você ganhar, o outro não precisa perder. Caso a empresa ou a equipe não ganhe com o seu sucesso, seu resultado não valerá absolutamente nada.
Por isso, encare o esporte como uma importante lição para desenvolver habilidades que você possa praticar na empresa e na sua vida pessoal. Trabalho em equipe, resgate de valores humanos, exercício da cidadania, vivência da ética, capacidade de tomada de decisão, respeito às diferenças, aos próprios limites e ao outro, construção da identidade de grupo e do senso de pertencimento, humildade em permanecer em treino e aprendizado, serenidade perante a vitória e a derrota, no campo de jogo e ao longo da vida – todas estas virtudes podem fazer a diferença na gestão da sua carreira.
Lembre-se que cabe ao gestor exercer o papel de modelo e inspiração. Saia da contemplação do esporte e pratique-o em seu negócio. Sempre que tomar uma decisão, opte pelo fair play. Não adianta buscar um “jeitinho brasileiro” para driblar obstáculos. Não adianta falar e agir de maneira antiética com seus concorrentes ou com sua equipe. Jogue limpo ou assuma a consequência de um possível cartão vermelho. Afinal, como diz Arnaldo Cesar Coelho: “a regra é clara!”
ANA MARIA MAGNI COELHO
Publicado em O Diário Empresarial
06 de outubro de 2011
Tem um dado, que nunca encontrei em todos os esportes que pratiquei, que pode inviabilizar o fair play nas empresas: a desconfiança. Quando se joga uma partida de futebol e se devolve uma bola, sabemos de antemão que o outro lado fará o mesmo....
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