A morte de um ditador como Muamar Kadafi traz como efeito imediato um novo fôlego aos países árabes e diversos tipos de manifestações espalhadas por todo o mundo. Ao contrário do Egito e da Tunísia, que viram seus presidentes caírem após semanas de protestos pacíficos, os líbios entraram em luta armada para tirar Kadafi do poder. Independente da forma, a pressão popular em torno da luta pela liberdade mostra que a democracia é a saída para um futuro melhor seja no Oriente Médio ou aqui mesmo no bairro ao lado.
Como não sou cientista política, não pretendo discutir os impactos e conseqüências deste momento histórico para economia mundial. Mas, ao acompanhar as notícias e emoções causadas por tal morte, inevitavelmente me remeti a quantidade de ditaduras que nos prendem sem que ao menos nos questionemos a respeito de suas causas.
Empregos. Relacionamentos. Mídia. Tempo. Beleza. São inúmeras as ditaduras para as quais dedicamos grande parte de nossas vidas.
Gastamos quase um quarto da nossa vida a trabalhar. Se não formos felizes no nosso trabalho, isso significa que estamos insatisfeitos por quase um quarto das nossas vidas. Mesmo assim, é comum ouvir pessoas infelizes em seus empregos reclamando e culpando algum ditador corporativo sem assumir a luta por própria mudança.Outras vivem relacionamentos completamente sem sentido sem nenhuma estratégia para buscar equilíbrio e seguir em frente. Será que não ler a revista semanal mais popular fará alguma diferença nos resultados que esperar ter? Deixar de seguir os padrões de beleza deixará você confortável consigo mesmo? Dormir menos para aproveitar melhor seu tempo, não trará nenhum problema a sua saúde?
No processos de coaching, acompanho muitas pessoas em busca de respostas a várias questões, mas quando finalmente as encontram preferem rapidamente esquecê-las a “matar o ditador” que as conduz.
Não pretendo incitar aqui uma guerra interna ou simplificar o que por vezes pode ser um trabalho de Hércules. Sei que qualquer processo de mudança não é fácil. O que quero transmitir é que difícil não quer dizer impossível. Se a Líbia conseguiu, cada um de nós também pode se libertar.
Basta manter a mente pronta a enfrentar as conseqüências de ir ao encontro daquilo que se deseja. A ditadura, por vezes, é mais confortável do que a liberdade se não estivermos prontos a assumir as conseqüências de ir ao encontro daquilo que desejamos. Quando os acontecimentos externos por si não nos conduzem ao sentimento de felicidade, é muito mais fácil ter a quem culpar e crer que todos estão contra nós do que agirmos proativamente.
Ser livre é mudar a perspectiva, arregaçar as mangas e trazer a responsabilidade da felicidade para suas próprias mãos. E ainda que os obstáculos se comprovem irresolúveis - uma doença, por exemplo -, infelizmente, você terá que aceitar a situação e avançar naquilo que consegue mudar. Para o que depende de si, da sua força de vontade para ir em frente e propor-se a fazer o que está ao seu alcance.
Às vezes, as melhores maneiras de melhorar a nossa vida é abrirmos a nossa mente para as oportunidades que cruzam nossos caminhos. Woody Allen disse uma vez, “80% do sucesso está aparecendo.” E às vezes isso é tudo o que precisamos para quebrar a ditadura que nos cega à própria vida.
ANA MARIA MAGNI COELHO
Publicado no Caderno Opinião - MogiNews
22 de outubro de 2011
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