sábado, 15 de janeiro de 2011

A CULPA É DE QUEM?

Entra ano, sai ano e as fortes chuvas de janeiro continuam provocando destruição em várias partes do país. O Alto Tietê, mais uma vez, não saiu ileso: casas em Mogi das Cruzes, encostas em Guararema, comércios em Poá...
Por todos os lados, o que resta à população é a contabilização do prejuízo. Muitos perdem bens e ficam desabrigados. Recomeçar é inevitável.
Se o filme é o mesmo todos os anos, por que não são tomadas providências para contornar os efeitos dos temporais? Existem culpados para tanta desgraça?
Se pararmos para conversar em qualquer ponto de ônibus ou mesa de bar, veremos pessoas colocando a culpa no governo X ou Y, ou pior, culpando a própria natureza pelos estragos e transtornos que a chuva causa.
Entretanto, converse com sua avó. A quantidade de chuva não é o problema. Sempre choveu no verão. O problema é a forma como o ser humano conviveu com o mundo pelos últimos 50 anos. Construções em locais proibidos são perigosas. Consumismo desmedido traz conseqüências. Lixo na rua entope bueiro. Isso sem falar que o solo impermeabilizado pelo asfalto das grandes cidades não consegue dar vazão a toda água que naturalmente cai do céu. A natureza reclama!
Cabe ao poder público rever a urbanização das cidades reduzindo as áreas de habitação irregular e a falta de cobertura florestal. Além disso, compete à administração pública a limpeza de bueiros, canalização em córregos, ampliações das galerias e muros de contenção, além dos piscinões, que recebem a água das chuvas em regiões onde o relevo é favorável às inundações.
Quanto a nós, é preciso incentivar nas pessoas um comportamento mais consciente. Manter as drenagens, valas e canaletas desobstruídas é responsabilidade da população. Não adianta reclamar se você joga lixo nas ruas ou nas margens de córregos, rios e áreas verdes. Para a natureza, lixo vai desde a bituca do cigarro, o papel de bala até móveis velhos. Basta andar pelas cidades, principalmente na periferia, que encontramos facilmente geladeiras e móveis jogados nas ruas. Se você não faz da sua casa uma extensão do lixão, trate sua cidade da mesma forma.
Ajudar as vítimas a reconstruir aquilo que perderam é uma bonita atitude solidária. Todavia, ser humano de verdade é assumir sua própria responsabilidade para evitar novas tragédias relacionadas ao meio ambiente.
Quando ambos, governo e população, cumprirem seus papéis, as enchentes poderão ser mais raras. Só Alagamentos podem até acontecer, pois o solo nem sempre agüenta o peso da natureza. Mas, uma comunidade consciente pode evitar desastres como os dessa última semana. Não lave suas mãos culpando os outros!

ANA MARIA MAGNI COELHO
Publicado no caderno Opinião - MogiNews
15 de janeiro de 2011 

3 comentários:

  1. Oportuno artigo... o tema daria um bom seminário. Sua pergunta chave: Se o filme é o mesmo todos os anos, por que não são tomadas providências para contornar os efeitos dos temporais? Existem culpados para tanta desgraça?

    Sua resposta a sua própria pergunta foi perfeita: Cabe ao poder público rever a urbanização das cidades reduzindo as áreas de habitação irregular e a falta de cobertura florestal. Além disso, compete à administração pública a limpeza de bueiros, canalização em córregos, ampliações das galerias e muros de contenção, além dos piscinões, que recebem a água das chuvas em regiões onde o relevo é favorável às inundações.

    O grande problema é que o poder público não faz o que precisa ser feito, sobretudo na ocupação irregular das áreas de risco, da especulação imobiliária etc. As cidades precisam de gestores, de administradores despidos da vaidade e da ganância de poder que vestem a maioria dos políticos tradicionais que a cada dia que passa conseguem provar que eles próprios na sua maioria são peças improdutivas na estruturação de cidades mais inteligentes e verdadeiramente preparadas para ofertar qualidade de vida coletiva para população.

    Parabéns por levantar o tema.
    Xero
    BB

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  2. Quando se fala "ser humano" eis que pegamos o mote da evolução.
    Digo pois podemos educar, informar e mudar a atitude de muita gente.
    Quando falamos assim, parece uma tarefas distante. Mas é uma coisa muito fácil: xingar o seu namorado porque ele jogou papel na rua. Ou chamar a atenção do seu chefe, porque não economiza água.
    São pequenas atitudes que somadas ao comportamento diário com responsabilidade para com o meio ambiente que fazem a diferença.
    ps: o Governo também tem que fazer a parte dele. E nós temos que cobrar por isso!

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  3. Gustavo
    Costumo dizer que nascemos humanos, mas é a forma como encaramos a vida que nos torna SER HUMANO.
    Infelizmente ainda passamos mais tempo culpando atitudes que enxergamos incorretas nos outros do que olhando para nossa própria forma de nos comportar.
    Governo? Namorado? Vizinho?
    Seria ótimo se cada um corrigisse os erros de seu "próprio quintal". Pequenas atitudes somadas realmente fariam toda a diferença!
    Um beijo e adorei recebê-lo no Lounge Empreendedor
    Volte sempre...rs...
    Ana Maria

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