"É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho...
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração"
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho...
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração"
- Tom Jobim -
As águas de março chegaram. Chuvas, enchentes, perdas pessoais (e profissionais para muitos empreendedores), saneamento... Eis que o tema a respeito do abastecimento de água nos municípios brasileiros novamente bate à porta!
Sinceramente, não consigo ver sentido no fato de vivermos em um dos países com maiores recursos hídricos do planeta, mas não conseguirmos oferecer qualidade de vida relacionada à água para a população. Mais do isso: que tenhamos constantes problemas com enchentes, estrutura e aparente “estresse hídrico” por conta da alta densidade populacional, da falta de saneamento básico e de cuidado com a preservação vegetal que garante a água das nascentes, mananciais e das torneiras das nossas casas...
Ocupação desordenada das áreas urbanas, desmatamento, impermeabilização dos solos, ausência de infraestrutura adequada, tudo parece conspirar para que a água se transforme na principal dificuldade para o futuro.
Ocupação desordenada das áreas urbanas, desmatamento, impermeabilização dos solos, ausência de infraestrutura adequada, tudo parece conspirar para que a água se transforme na principal dificuldade para o futuro.
Mesmo dispondo de 12% de toda a água do mundo, o Brasil (assim como todo o mundo) corre o risco de escassez desse recurso em um futuro bem próximo. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), 25% da água utilizada pelo brasileiro já apresenta qualidade regular ou ruim, sua distribuição é desigual (sendo que a Amazônia detém 68% dos recursos hídricos) e as grandes concentrações populacionais do país formaram-se onde há menos água: no Sul e no Sudeste, regiões que também contam com as metrópoles que mais sofrem com as enchentes e com a contaminação/poluição causada por efluentes industriais ou pela falta de tratamento do esgoto doméstico.
Se governos, empresas e sociedade não agirem agora, já em 2015, metade dos municípios brasileiros terá problemas com abastecimento de água. Sim. Em 2015!
De acordo com levantamento da ONU, existe hoje no mundo 1 bilhão de pessoas sem acesso suficiente a água potável. Se nada for feito, em 30 anos serão 5,5 bilhões de pessoas nessa situação. Isso porque o aumento do consumo de água é bem maior do que o crescimento demográfico. No século XX, a população mundial quadruplicou-se em relação ao século anterior, enquanto o consumo de água aumentou sete vezes!
Isso mostra que um dos dilemas mais urgentes que a comunidade humana precisa enfrentar neste século é o de garantir suprimento de água para as atividades econômicas e para a sustentação da vida no planeta.
A respeito das chuvas (uma água que desperdiçamos e que ainda causa transtornos à população), para termos uma ideia do agravamento da situação, em 2006 foram feitos 135 registros de emergência ou calamidade pública por conta de chuvas fortes. Em 2010, esse número subiu para 601, sendo que no total, quase 10% das cidades brasileiras (563) decretaram situação de emergência devido a enchentes, inundações, enxurradas e alagamentos.
Infelizmente, não há uma solução que sozinha possa resolver o problema da água em todas as regiões do Brasil. Cada situação exige uma abordagem. Entretanto, não podemos esperar o caos para discutirmos a gestão hídrica de forma estruturada e consciente.
A Política Nacional de Recursos Hídricos estabeleceu em 1997 diretrizes para algumas ações com foco no uso eficiente da água e avançou em soluções pontuais, como no reuso da água industrial para geração de energia, refrigeração de equipamentos, assentamento de poeira em obras, combate a incêndios e limpeza de ruas e praças. No entanto, o desafio é bem maior. Só a agropecuária consome mais de 70% dos recursos e os domicílios, se consomem apenas 8%, produzem o maior volume de esgoto que são os principais efluentes poluidores dos rios.
Afastar o risco de escassez de água significa reinventar o modo de vida atual, substituindo um modelo que desperdiça e polui por outro que valoriza e cuida do recurso mais essencial para a sobrevivência no planeta. Enchentes não são o único problema quando pensamos nas forças e caminhos das águas.
Cuidemos das águas de março!
Os Brsileiros precisam acordar para a REALIDADE .Temos um pais maravilhoso mas temos que apreender a cuidar do que e'nosso .
ResponderExcluirPara cuidar do que e'nosso precisamos antes de tudo apreender a eleger nossos representantes no Congresso Brasileiro