"Se a educação sozinha não pode tranformar a sociedade,
tampouco sem ela a sociedade muda."
Paulo Freire
Mais importante do que enfrentar a crise econômica que está assustando trabalhadores, empresários e governos é aproveitar essa oportunidade para uma retomada duradoura do nosso desenvolvimento. Novos patamares. Novos desafios. Novas perspectivas.
Tudo tecnicamente impossível se não levarmos em conta um fator preponderante: a educação. O nível de inserção na economia globalizada, seja em qual for o nível, é dependente dos índices de crescimento econômico e tecnológico, que, por sua vez, dependem dos investimentos em capital humano.
Não consigo imaginar nenhum caminho para o desenvolvimento econômico que não passe obrigatoriamente pela geração de emprego, renda e pela abertura de oportunidades às pessoas para que elas possam empreender, crescer e conquistar melhor qualidade de vida.
Simples? Não tanto quanto parece. Para investir no capital humano, enfrentamos um grande problema, já que a educação brasileira ainda tem dificuldades com a qualidade de ensino, evasão escolar, distorção entre série e idades e analfabetismo funcional. Se adolescentes chegam às universidades com baixíssima capacidade de interpretação de textos, como poderão interpretar sua própria realidade?
Para falarmos em desenvolvimento, precisamos assumir o quão interligado o tema está com a educação, a formação de profissionais qualificados e, conseqüentemente, com o aumento do nível de produção e inovação no País.Um dos paradigmas a ser quebrado diz respeito ao ensino médio, uma etapa de preparação fundamental para o mercado de trabalho e para a vida adulta. Nesse momento, na escola, misturam-se conteúdo e expectativas. Mesmo com menor reprovação do que no ensino fundamental, muitos alunos desistem da escola nessa fase, ou porque atingem a idade mínima para o mercado de trabalho e preferem trabalhar, ou porque a escola deixa de lhes interessar pela baixa contextualização da teoria com suas vidas. É preciso um currículo que contemple a aprendizagem criativa, a valorização da leitura, a articulação teoria/prática, a metodologia da problematização, o desenvolvimento da capacidade de aprender, a iniciação científica, a interdisciplinaridade, a informatização da própria vida, a contextualização do conhecimento, elementos presentes nas Diretrizes e Orientações Curriculares Nacionais.
Fique claro que não estou sugerindo que os investimentos na educação infantil ou no ensino fundamental sejam menos importantes, mas precisamos cuidar dos nossos jovens se desejarmos um melhor aproveitamento de suas capacidades para o crescimento do País. O ciclo do desenvolvimento brasileiro precisa de um pilar que sustente a transformação do ensino médio, dando a esta etapa a importância que ela tem.
É preciso que educadores, pais, alunos, mas também os governos federal, estadual e municipal somem forças no sentido de primar pela qualidade, pelo empreendedorismo, pelo ensino profissionalizante e que passe, ainda, pela valorização dos professores, estrutura física, plano pedagógico e oportunidades. Aliar educação básica, formação profissional e desenvolvimento é o único caminho ao crescimento econômico real.
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