NEM TODO EMPREENDEDOR NASCE SABENDO
Educação para a sustentabilidade, trabalho decente, erradicação da miséria, infra-estrutura para uma nova economia. Os temas seriam perfeitos para uma boa plataforma de governo, mas, na verdade, tratam-se de assuntos abordados na última Conferência Ethos de Empresas e Responsabilidade Social realizada nos últimos dias 08 e 09 de agosto em São Paulo.
Na mesma semana em que o mundo anunciava uma nova crise da economia global, cujo tamanho e impacto ainda desconhecemos, o Brasil mobilizou empresários, cidadãos e membros do poder público para discussão de uma plataforma econômica que seja inclusiva, verde e responsável. Afinal, seja lá o que estiver acontecendo pelo mundo, ao Brasil é inexorável pensar em crescer.
Quase 20 anos após a Rio- 92 e às vésperas do encontro Rio +20, a humanidade começa a entender a necessidade de racionalizar o uso de seus recursos naturais e reconhecer o valor da natureza como fator de oportunidade para a geração de negócios.
É visível no mercado a movimentação das empresas para o oferecimento de produtos com baixo impacto ambiental e a crescente preocupação de pessoas físicas ou jurídicas sobre o conceito de “economia verde”. Entretanto é preciso mais. Precisamos ir além da preocupação com a sustentabilidade ambiental ou com o aquecimento global e apropriarmos essas questões ao tripé da sustentabilidade levando em conta três aspectos: o econômico, o humano e o ambiental.
Não adianta trocar as lâmpadas da sua empresa, se as desigualdades sociais seguem como fator limitante ao bem-estar, a coletividade e a cidadania. A resposta sobre sustentabilidade passa pela capacidade que as empresas terão para “olhar em volta” e inovar.
E inovar em um sentido bem mais abrangente do que a (nada) simples questão tecnológica, principalmente se pensarmos nas micro e pequenas empresas. Aliás, seja lá qual for o tamanho da sua empresa, para serem eficazes, novas tecnologias não podem ser implantadas sem que se tome conta o cuidado com o ambiente interno e o mercado. Uma boa inovação tecnológica deve ter relação direta com o atendimento de demandas e por isso, deve gerar uma inovação mercadológica cujo resultado garantirá a inovação sustentável em seu negócio.
Não tenho a menor dúvida de que o Brasil tem potencial para liderar essa nova economia e apresentar propostas efetivas para a sustentabilidade na Rio+20. Temos uma enorme diversidade biológica e social, matrizes energéticas bem equilibradas (e renováveis, em sua maioria), ambiente democrático, políticas nacionais que refletem as mudanças do clima e a destinação de resíduos, uma política de defesa do consumidor bem estruturada e muita coragem!
Muito devemos trilhar ainda nos serviços de educação, saúde, segurança pública, redução de desigualdades, aumento de oportunidades, melhoria da gestão pública e combate à corrupção. Sei disso também... Contudo, entre os países que integram o BRIC, talvez o Brasil seja o único que tem sido capaz de crescer e também se desenvolver socialmente. Os demais estão aumentando os seus níveis de desigualdade e reduzindo os níveis de seu bem-estar social.
Neste contexto, repleto de desafios e de oportunidades ao nosso país, muitas empresas têm conquistado o tal improvável caminho de sucesso. A economia verde e criativa desafia a concepção tradicional de que crescimento tem apenas uma fórmula. Basta que empresas, cidadãos e políticas públicas passem a oferecer ao mundo aquilo que têm de único, aproveitando a singularidade como diferencial e conectando diferentes ecossistemas socioculturais sem prejuízo às influências ao seu futuro.
Se no seu futuro, você espera continuar crescendo, necessitará de uma nova perspectiva. Muitas pessoas ainda insistem a equiparar crescimento (e até mesmo sucesso) com mais consumo do ponto de vista material. Entretanto, prosperidade (do latim prosperitate) refere-se à qualidade ou estado de próspero, que, por sua vez, significa ditoso, feliz, venturoso, bem-sucedido, afortunado. Pense nisso!
ANA MARIA MAGNI COELHO
Série "Nem Todo Empreendedor Nasce Sabendo"
Publicado no Caderno Diário Empresarial
11 de agosto de 2011
Suas palavras são muito bem vindas, especialmente nesse momento, em que estou amadurecendo a ideia de um empreendimento ecologicamente correto. Penso que as autoridades públicas deveriam tomar atitudes mais contundentes e direcionadas, principalmente quando se fala em economia verde. Existem várias opções de produtos inovadores e preocupados com o meio ambiente que encontram grande resistência em sua insersão no mercado, dado ao tradicionalismo de nossas empresas e cidadãos. Uma política de divulgação e de exigência da utilização de tais produtos em obras da esfera governamental, viria muito a calhar.
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