quarta-feira, 8 de junho de 2011

ETANOL OU GASOLINA


O controle e uso de fontes de energia sempre teve caráter estratégico para as nações do planeta, porém na medida em que os avanços tecnológicos foram permitindo que o capital se reproduzisse e fosse acumulado em escalas cada vez maiores, a importância da soberania energética ascendeu a escalas e velocidades astronômicas.
Em nome dos interesses dos capitais, a busca por energia já aniquilou povos, nações e destruiu partes significativas tanto do meio ambiente biológico (fauna e flora) quanto físico (solo, água, ar e luz solar). A partir da segunda metade do século XX a leitura sobre os efeitos da ação humana sobre o planeta fez soar o alarme de que a própria continuidade da vida poderia estar em risco caso não se buscassem novos paradigmas de desenvolvimento.
Já no século XXI, em 2002, durante a Cúpula Mundial em Joanesburgo, a ONU adotou o conceito de “sustentabilidade” como um novo paradigma para o conceito de desenvolvimento. Segundo a ONU, desenvolvimento sustentável deve ser construído nos âmbitos local, regional, nacional e global sobre 3 pilares interdependentes e equilibrados: Desenvolvimento Econômico, Responsabilidade Social e Proteção Ambiental.
Considerando isoladamente o quesito “Proteção Ambiental”, em 2009 o governo brasileiro levou à COP15 informações que situam o Brasil como o país que possui a matriz energética mais renovável do mundo industrializado:


Entre os dias 31 de maio e 03 de junho, São Paulo sediou a primeira edição da Cúpula da C40 no Hemisfério Sul proporcionando uma excelente oportunidade para o poder público, setor privado, academia e sociedade civil aperfeiçoarem suas ações em direção ao desenvolvimento sustentável das cidades.
Entre as discussões, é claro que o tema do combustível veio a tona. Você já parou para pensar em quais são os benefícios e conseqüências da sua escolha ao encher o tanque do seu próprio carro ou do carro da sua empresa?
Quando falamos em “sustentabilidade”, as comparações quanto ao uso de gasolina e etanol como combustível devem considerar três aspectos fundamentais: econômico, social e ambiental.
Cada um deles conta com prós e contras, mas vale a pena conhecê-los antes de comparar apenas o preço do combustível na bomba ao parar o carro para abastecimento.

Ambiental
Produção: Muito embora o etanol seja uma energia renovável e a gasolina não renovável, todas as etapas para a produção de etanol tem a utilização de energia convencional (combustível fóssil):
• Óleo diesel para a aração e preparação do solo;
• Fabricação de fertilizantes (gás natural), seu transporte e aplicação (óleo diesel);
• Colheita e transporte da cana do campo para a usina.
Além do CO2 há mais dois gases de importante impacto que são o óxido nitroso (N2O) e metano (CH4).
O N2O é liberado quando o nitrogênio (fertilizantes) é aplicado no solo. O metano é liberado quando a palha da cana é queimada ou quando o vinhoto é adicionado ao solo. Vale ressaltar que, em termos de volume unitário, o gás metano é cerca de 24 vezes mais ativo do que o carbono na geração do aquecimento global.
Quando comparamos seus processos de exploração, o petróleo ainda é uma atividade mais limpa, tanto quando explorado na terra quanto no mar, o mesmo não ocorre com a produção de etanol, uma vez que, são necessárias extensas áreas de terreno, irrigação e uso de defensores agrícolas; no seu processo produtivo há danos causados para o meio ambiente e que ainda não foram solucionados, como exemplo temos as queimadas (no estado de São Paulo o prazo para a extinção dessa prática é o ano de 2017) e o vinhoto (há vários estudos , alguns deles estão em fase de teste em algumas usinas, utilização do vinhoto como adubo nas plantações de cana-de-açúcar). O alto consumo de água, que poderá comprometer os mananciais, caso não seja implantado o reaproveitamento de água no plantio. A falta de definição e fiscalização dos limites geográficos também é um grande problema, gerando desmatamentos, não pelo plantio direto da cana-de-açúcar (uma vez que o excesso de chuvas nesta região não é adequado para a produção) mas pela ocupação de grandes áreas por essa cultura “empurrando” as fronteiras da pecuária e da soja para a Amazônia e o Cerrado.
Aquecimento Global: quando o foco é o aquecimento global o etanol leva vantagem: considerado um dos principais mecanismos para a redução de CO2, porque todo gás carbônico que os veículos emitem, quando movidos a etanol é reabsorvido pelas plantações de cana-de-açúcar, o etanol usa o gás carbônico retirado da atmosfera, já o petróleo faz o contrario, ou seja, retira o gás carbônico armazenado no solo e “joga” na atmosfera .

Social
A produção de etanol gera quase vinte vezes mais empregos do que a produção de petróleo, porém o trabalhador (bóia-fria) é muito mal remunerado, tem condições sanitárias ruins e excessivas jornadas de trabalho.
Essa vantagem relacionada à geração de empregos está sendo reduzida de forma acelerada na medida em que a mecanização da atividade sucroalcooleira avança: a substituição das queimadas trará ganhos ambientais inegáveis mas haverá a troca de um passivo ambiental por um passivo social na medida de em que cada máquina utilizada na colheita de cana-de-açúcar substitui a força de trabalho de 120 pessoas.
A moderno perfil agroindustrial da cana-de-açúcar reforça um modelo de monocultura em grandes áreas que remete à exclusão social uma vez que impõe o deslocamento de populações rurais para as áreas urbanas e as convida ao desemprego, caso não haja políticas consistentes de qualificação de mão-de-obra.

Econômico
Em termos macroeconômicos, a produção de petróleo (enquanto matriz da gasolina) é em grande parte executada pela Petrobras e em termos gerenciais totalmente controlada por ela.
Já no âmbito da produção de etanol há um embate oligopolista em curso, onde mega empreendimentos nacionais e multinacionais se digladiam pelo controle de uma fatia cada vez maior do mercado de energia verde representada pelo etanol.
Dada a índole liberal do modelo de agronegócio para a produção de etanol, o Brasil vem se tornando um campo global, onde os investimentos estrangeiros ganham espaços com relativa facilidade: em dados de 2007, o Brasil possuía 377 usinas de etanol em operação e, destas, só no Estado de São Paulo 40 delas eram de capital japonês.

O potencial energético do Brasil, ampliado com as recentes descobertas de petróleo e gás na camada pré-sal junto a produção de etanol, deverá transformar nosso país em importante exportador de energia até 2020. Ou cuidamos e valorizamos aquilo que é nosso, ou tem gente por todo o mundo igualzinho ao Pedro Bial em tempos de BBB: "De olho" naquilo que é nosso!


Texto baseado em paper interno
divulgado aos colaboradores do SEBRAE-SP

2 comentários:

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