sexta-feira, 12 de novembro de 2010

EU, HEIN...


O ENEM é uma vergonha nacional. Fernando Haddad, ministro da Educação, é de uma incompetência que chega a assustar qualquer especialista em gestão.
A aplicação do exame em 2010 demonstrou a falta de capacidade dos seus organizadores e se pudesse pensar em uma única nota para todo o processo, certamente seria zero.  Todo mundo de recuperação!
Ao contrário do que alguns possam imaginar, não sou contra o ENEM. É importante que o Ministério da Educação possua mecanismos de avaliação e controle daquilo que acontece nas salas de aula. Entretanto, defender uma prova única para todos os concluintes do ensino médio em um país com as dimensões continentais como o Brasil e com um sistema educacional repleto de falhas e diferenças como o nosso soa como absoluta utopia.
Minha primeira reação à falácia sobre os erros ocorridos no ENEM foi frustração. Pensei no meu filho, prestes a ingressar no ensino médio, e nos meninos e meninas que trocam as baladas pelos simulados e plantões.
A aprovação do exame e a nota obtida servem como porta de acesso às universidades e ao sonho de uma vida melhor.
Mas para muitos a porta está se fechando...


Enquanto a UNE comemora a decisão do Tribunal Federal da 5ª Região em derrubar a liminar que proibia o exame e o ministro mantém sua posição de que os erros estiveram dentro da “taxa de tolerância”, ouço comentários de adolescentes que acreditam cada vez menos no processo.
Se “sonhar não custa nada”, os erros do ENEM podem custar anos de dedicação e um saldo muito negativo na credibilidade educacional do nosso país.
Se o MEC não consegue admitir seus próprios erros e o governo acoberta aquilo que não consegue explicar, seria a Nação uma máquina de mentiras?
Não podemos pactuar com uma educação cujas bases estejam em ameaças ou mentiras. Uma educação que jogue para baixo do tapete os cacos de um vaso que se quebrou... São dois anos consecutivos de demonstração de fragilidade e problemas por parte do MEC.
Muito pior do que constatar o erro é não aproveitar o momento para aprender e reinventar-se. O ENEM precisa de uma proposta inovadora que rompa com o ensino conteudista e com um processo seletivo ultrapassado.
Já o Brasil precisa de pessoas que enxerguem o processo educacional como um meio de desenvolver as suas próprias competências bem como as competências essenciais ao desenvolvimento de nossa Nação.
Não falta inteligência ao brasileiro. Falta, sim, competência para fazer gestão.
Gestão moderna significa ter atitude positiva e corajosa para entender e ajudar a corrigir os erros dos que trabalham à sua volta. O dever da perfeição é apenas uma herança totalitária e positivista que impede a criatividade e a inovação.
Errou? Apague e faça de novo.

ANA MARIA MAGNI COELHO
Publicado no Caderno Opinião - MogiNews
13 de novembro de 2010

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