terça-feira, 9 de novembro de 2010

ECONOMIA EM DESENVOLVIMENTO

O Brasil é um país de muitas caras. Temos uma para a economia, outra para a saúde, outra para a política, lazer, segurança, etc...  Entre todas essas faces, temos avançado em aspectos aparentemente importantes ao nosso crescimento econômico. “Aparentemente” porque ainda seguimos indicadores que nos prendem a velhos paradigmas de desenvolvimento.
Em vários índices, o Brasil tem demonstrado desempenho superior a anos anteriores. Entretanto, como dizia minha avó, “prudência e canja de galinha não faz mal a ninguém”.
Informações contidas na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) retratam a trajetória de revalorização do trabalho, o salário registra crescimento real de 18,25% em sete anos e subimos quatro pontos na média geral do IDH, o Índice de Desenvolvimento Humano da ONU que mede a qualidade de vida das populações.
Contudo, será que todos esses índices têm garantido uma melhora efetiva na vida de cada cidadão e, mais, de todos os cidadãos?
A escolha de indicadores depende dos objetivos de sua avaliação, bem como dos aspectos metodológicos, éticos e operacionais da questão em estudo. O próprio IDH é uma ilusão. Não serve para indicar o desenvolvimento de um país, pois leva em consideração variáveis isoladas de uma Nação: educação, longevidade e renda.
De forma isolada, nossa colocação em educação é de envergonhar. Temos a mesma média do Zimbábue, o país com o pior desempenho do mundo. Condições de transporte, higiene, moradia e alimentação expressam, juntos, a longevidade de um povo? Aumentar a renda significa tê-la distribuída igualmente em um país com a nossa diversidade?
Por isso, resgato o velho ditado da vovó para analisar qualquer indicador brasileiro de desenvolvimento. Não há quem negue que tivemos um considerável crescimento econômico nos últimos anos. Aumentamos a capacidade produtiva da economia, a produção de bens e serviços e conseqüentemente, acompanhamos a evolução do Produto Interno Bruto - PIB.
Países como a Índia e a China, graças à globalização da economia, conheceram também um forte período de crescimento econômico nos últimos anos, elevando-os à categoria de países emergentes junto ao Brasil e a Rússia. Por outro lado, ao olharmos esses mesmos países, percebemos que o crescimento trouxe a seu cargo profundas desigualdades e dificuldades no acesso à habitação, educação, justiça, saúde, ou seja, precárias condições de vida na generalidade e quase nenhuma garantia e respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais dos cidadãos.
Chegamos ao desafio brasileiro: é preciso alinhar as transformações da nossa estrutura econômica à melhoria da qualidade de vida da população. Um real desenvolvimento social deve combinar crescimento econômico e distribuição de renda. É um conceito mais qualitativo cujos índices devem considerar o bem-estar econômico e social (pobreza, desemprego, violência, condições de saúde, alimentação, transporte, educação, higiene e moradia) fomentando iniciativas empreendedoras e o progresso do ambiente empresarial.
Por esta ordem de pensamento, desenvolvimento deve ser o “fim” e crescimento econômico um “meio” para atingí-lo, cabendo aos governantes de cada país fortalecer esta ligação através de uma gestão sustentável que incida harmoniosamente na qualidade e na quantidade do crescimento do país.

ANA MARIA MAGNI COELHO
Publicado em O Diário Empresarial - Diário de Mogi
11 de novembro de 2010

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