sábado, 11 de dezembro de 2010

PAPELZINHO

Foto externa da Câmara Municipal de Mogi das Cruzes
A eleição da mesa diretiva da Câmara de Vereadores de Mogi das Cruzes foi decidida no “papelzinho”. O empate de 8 a 8 entre os votos dos 16 representantes legislativos é um convite a reflexão sobre burocracia, liderança e gestão.
Fique claro que não pretendo discutir o resultado da eleição da Casa de Leis mogiana nem as escolhas político-partidárias de cada vereador. O foco está no processo que traz como saldo “vencedores e vencidos” e no regimento interno que leva a política legislativa pelo caminho da simplicidade e da sorte.
Uma eleição que produza vencedores e vencidos – nenhuma novidade e nem exclusividade do mundo político – resulta em idéias vitoriosas ou idéias moribundas. Aos primeiros, fica o sentimento de triunfo e alívio. Aos segundos, a decepção. E, aos demais, a ansiedade pelos dias que virão. Afinal, quais serão os novos objetivos e estratégias?
A nova governança chega repleta de vontade num imenso reservatório de idéias, algumas pouco práticas, outras repletas de nobres propósitos, mas todas invariavelmente custosas de serem implementadas em função do sentimento de derrota dos vencidos.
A democracia por meio do voto obrigatório pode até funcionar quando falamos em grandes amostras. Contudo, para uma gestão eficiente de pequenos grupos, a melhor alternativa é a busca pelo consenso. Não significa buscar unanimidade, mas sim dar a todos a responsabilidade pelo êxito do grupo e pela busca conjunta de soluções de forma aberta e transparente.
Consenso é um duro aprendizado de respeito não apenas à hierarquia e às normas, mas principalmente à opinião do outro. Quando as pessoas se sentem ouvidas e respeitadas, elas se integram e se comprometem com os resultados do grupo. Ao líder caberá foco e gestão para monitoramento das propostas e dos resultados.
Conduzir grupos em que o princípio do consenso não funcione significa produzir idéias fracas e interesses unicamente pessoais.
Mudar não é simples, mas aquilo que parece um pouco mais complicado e trabalhoso pode trazer conseqüências muito mais apaziguadoras do que o sentimento de conquista (ou de perda) gerado por um “papelzinho”.
Tenho certeza que muitos destes pensamentos já estão integrados a prática de uma nova maioria que parece reunir condições para realizar uma administração bem sucedida.
A burocracia dos regimentos internos deve ser respeitada, mas não pode ser eternizada. Se uma norma maltrata em demasia os princípios básicos da democracia e liderança, ela precisa ser revista.
Sob uma perspectiva individual, o mundo sempre estará repleto de contradições teóricas, desajustes práticos e comportamentos irracionais. Ainda assim, é preferível buscar o consenso a conviver com a falsa segurança dos regimes fechados, fadados mais cedo ou mais tarde ao fracasso de sua gestão.

ANA MARIA MAGNI COELHO
Publicado no caderno Opinião - MogiNews
11 de dezembro de 2010 

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