Nome, Sobrenome. É assim que qualquer pessoa pode ser identificada em suas comunidades e territórios, sejam países, cidades, clubes ou qualquer outro de sua preferência.
Empresas são também “territórios” sociais. Espaços que passam a oferecer aos seus colaboradores um sobrenome tal qual a primeira comunidade em que o ser humano se insere: a família.
Na medida em que o tempo passa, você deixa de ser apenas você para assumir cada vez mais o sobrenome da sua empresa. “Oi, aqui é a Maria, da empresa ABC”.
O novo sobrenome passa a transcender a questão do emprego e o trabalho assume um significado existencial. Significa integrar-se numa outra família, ter irmãos, sentir orgulho das conquistas comuns e defender essa comunidade.
É como se a perda do sobrenome deixasse o indivíduo a mercê de ser quem efetivamente é.
As escolhas corporativas passam a ser expressões de sua própria personalidade, quando na verdade não passam de armadilhas do papel que você representa. O crescimento profissional, a boa situação financeira e os compromissos sociais aos poucos ocupam o espaço de uma vida pessoal e espiritual equilibrada.
Acreditar apenas em um papel, qualquer que seja, significa mentir a si mesmo. As responsabilidades, sofrimentos e conquistas ligadas a ele são apenas ilusórios.
Responda com sinceridade: você é sua empresa ou sua essência?
Não há problema algum em aceitar o sobrenome de uma empresa que você respeita e admira, mas é importante encontrar o equilíbrio entre ter sucesso e realizar-se pessoalmente. Do contrário, você pode se tornar um executivo subalterno de seu próprio sobrenome.
Busque pontos de convergência entre a necessidade da sua empresa (sucesso profissional) e a sua própria necessidade pessoal (realização). Equilibre as demandas de curto prazo e os objetivos de longo prazo. Estabeleça um balanceamento eficaz entre seus sonhos e suas conquistas.
É preciso abrir mão de pensamentos, emoções e convicções antigas e dar espaço a novas escolhas. A ilusão de uma vida apenas de papéis pode levar a estagnação da alma.
Liberdade significa interpretar intencionalmente qualquer papel sem ser prisioneiro dele. Não significa mentir, mas sim entender que essa é uma opção estratégica. Uma tarefa que não pode ser conduzida sem uma cooperação total e despojada entre profissionais e empresas.
Para as empresas, ter um time qualificado e motivado carregando sua marca com orgulho em seu sobrenome é uma de suas maiores vantagens competitivas.
Para os profissionais, saber quais são as conquistas que efetivamente importam em sua vida é uma forma de entender a força de um sobrenome, mas principalmente a importância da liberdade.
Para os profissionais, saber quais são as conquistas que efetivamente importam em sua vida é uma forma de entender a força de um sobrenome, mas principalmente a importância da liberdade.
O doce da vida não é apenas viver, mas ousar ser aquilo que você é por dentro.
ANA MARIA MAGNI COELHO
Publicado no Caderno Opinião - MogiNews
04 de setembro de 2010
Ana, achei muito bacana essa matéria... vivemos essa situação e o equilibrio que vc coloca, realmente é necessário para não perdermos nossa propria essência, Parabéns !!!
ResponderExcluirMarcos
Gerente Comercial - MogiNews
É sem dúvida o equilíbrio seria o melhor. Ou então as empresas se apresentarem como Banco X, o banco do Silvas, Andrades, Coelhos...e por aí vai, pelo menos as empresas estariam dando algo de volta em troca da alma que as pessoas emprestam a elas.
ResponderExcluirDentro das organizações acontece um movimento parecido...pessoas usam o sobrenome adotado para distanciarem-se (tipo o Dorival do Financeiro é um chato..ou na versão generalizadora..."o financeiro - querendo dizer todos - é um saco).
Uma última coisa: hava um provérbio romano que dizia "nomen est omen", quer dizer que o nome descreve exatamente uma coisa ou que o nome é uma profecia. Você se torna aos poucos o seu nome. Vendo por esse lado acho que seria bem legal escolher bem seu "sobrenome profissional", vc não acha?
Beijão e parabéns pelo texto e pela boa idéia do assunto abordado.