sábado, 18 de setembro de 2010

PÃO E CIRCO


Entre náuseas provocadas ao assistir participantes desesperados por R$ 500 mil se alimentarem de baratas e minhocas em “Hipertensão”, novo reality show global, e náuseas provocadas pelo horário político gratuito da televisão, não posso me furtar a compartilhar a sensação que me provoca ver o desespero dos candidatos para chamar nossa atenção em busca do seu “ordenado suado” para os próximos anos.
O programa eleitoral "gratuito" custa R$ 850 milhões aos cofres do governo a fim de compensar as emissoras pela queda de arrecadação, um pouco mais do que os participantes comedores de baratas lutam para ganhar.
Lamento tanto um quanto o outro programa de televisão. Dá vontade de desistir de tudo ao ver que, decorrido meio milênio de história, o Brasil continua escravo de oportunistas prontos a levar vantagem pela humilhação de outros cidadãos.
Seria essa a tão sonhada emancipação e autonomia política exaltada em 7 de setembro de 1822?
A resposta não exige esforço e deve doer a alma de muitos daqueles que ainda sonham e lutam por este ideal.
Assistir a propaganda eleitoral me dá a sensação de que mudamos para o país das maravilhas. Imagens mostram campos cultivados. Crianças estudam em escolas repletas de computadores. Não se fala em assaltos, balas perdidas, trânsito ou impostos abusivos. Palhaços fazem suas propagandas. Bailarinas dançam no horário nobre. A impressão é que logo seremos recebidos por Alice, o Coelho Branco e o Chapeleiro Maluco e tudo isso à custa do cofre público e de nossa própria passividade.
No início era divertido, mas hoje o programa me dá náuseas. Se um candidato a qualquer cargo político já exerce cinismo antes de ser eleito, imagino o que ele seria capaz de fazer depois de eleito.
O que podemos fazer?
Um monte de coisas: evitar a conivência e a omissão, exercitar o pensamento crítico, conversar com seus filhos, fazê-los entender que essa não é a vida política que pode mudar nosso país... E votar! Não podemos apenas silenciar.
No fundo, todos nós sabemos a cartilha de cor, mas nem sempre a praticamos.
A representação democrática de um povo é o espelho de sua qualidade e inteligência. Eleger políticos mais qualificados passa pela renovação dos valores de cidadania de nossos eleitores. Por isso, é preciso levar informações esclarecedoras para aqueles cuja circunstância de vida os mantém no cabresto da ignorância e sujeitos a sucumbir aos apelos das trocas em favor de migalhas de ocasião. Política não é responsabilidade apenas daqueles que se elegem. É de cada um de nós enquanto cidadãos.
Pense na urna como seu controle remoto. Você pode escolher em qual reality show pretende viver pelos próximos quatro anos. Só não esqueça que nesse programa não há jogo de faz de conta. O melhor é escolher um bom representante para você!

ANA MARIA MAGNI COELHO
Publicado no Caderno Opinião - MogiNews
18 de setembro de 2010
Inspirado em blog da Dad no Correio Braziliense

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