segunda-feira, 28 de junho de 2010

DIFÍCIL PARA TODOS


Até pouco tempo, as empresas brasileiras só demitiam funcionários em casos de mau desempenho ou incompatibilidade de perfil. Mudanças nas atribuições de um cargo quase não ocorriam e quando alguém se tornava "obsoleto", criava-se uma função de assessoria para justificar sua permanência na empresa respeitando o “tempo de casa” do funcionário.
Num cenário mais competitivo e em constante transformação, a demissão passou a ser vista de uma forma mais natural e necessária tanto para quem decide como para aqueles que são afetados nessa decisão.
Gestores tiveram que aprender a demitir e colaboradores a se recolocar – tanto quem é desligado quanto os que permanecem; afinal, o impacto de uma demissão ecoa em toda a equipe e nas funções desempenhadas por cada um.
Se para alguns, demitir ainda é uma atitude condenável, cabe ao gestor tornar essa decisão mais humana demonstrando interesse legítimo no ser humano e nas suas necessidades. O maior erro que um gestor pode cometer é acreditar que toda demissão é igual. Mesmo que alguém já tenha coordenado vários encerramentos de atividades, reduções de quadro ou mudanças de processos, a forma como isso afetará as pessoas nunca será a mesma.
Seres humanos são “caixinhas de surpresas” e como a demissão nem sempre tem relação com incompetência, o gestor precisará lidar de forma diferente com as emoções e com as causas do processo. Se alguém não se encaixa mais na empresa, não significa que não tenha mais lugar no mundo.
Bons gestores são transparentes nas razões do desligamento, auxiliam o demitido a avaliar o que é possível aprender com a demissão e mostram que sempre há uma lição que vai além das competências profissionais que não foram desenvolvidas.
Se a sua situação for de quem está sendo desligado, lembre-se que em geral, demissão não tem volta. Não adianta espernear. Em vez disso, aproveite para conseguir autorização para que colegas e superiores dêem referências de você a futuros empregadores e agradeça o aprendizado que obteve no período em que conviveu com essa equipe. Ainda que deseje “lavar a alma”, xingar o chefe ou vingar-se de um colega mais sacana, pense que essa atitude deixará uma péssima imagem sobre você nas pessoas. Não feche as portas e não carregue amarguras para o novo emprego. Para uma boa recolocação, um dos fatores mais importantes serão as relações que você foi capaz de construir nas empresas por onde passou.
Agora, se você faz parte do time que fica: o barco precisa seguir em frente. Evite boatos ou especulações e busque entender qual é o seu papel e a forma como a empresa espera que você se comporte daqui para frente.
Demissões são processos difíceis para todos, mas que trazem lições. Aprenda com elas.

ANA MARIA MAGNI COELHO
Publicado no caderno Opinião - MogiNews
26 de junho de 2010

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