sexta-feira, 18 de junho de 2010

ÂNCORA OU RAIZ?!?


Se você é crescido o suficiente para ter experimentado o que a vida lança sobre todos nós, sabe que tempestades são fatores incontroláveis de desordem e perturbação e que, ainda assim, podem ocorrer com bastante freqüência. Quando sopram os ventos, o que mantêm as árvores no solo são suas raízes e os barcos nos mares, suas âncoras.
Ainda em plena tempestade ou na chegada da bonança, olhar para o passado auxilia a lembrar o que fomos e nossa história; mas, ficar preso a ele, pode vendar nossos olhos para a possibilidade de sermos o que ainda nem imaginamos ser capaz quando o futuro chegar.
Nesse momento, ser âncora ou raiz faz toda a diferença para o caminho que se pretende seguir. Âncoras, segundo o dicionário Aurélio, são “peças de peso conveniente que presas à extremidade amarram a embarcação no fundeadouro”. Raízes, por sua vez, são “a porção mais inferior de uma formação e mediante a qual, essa formação está firmemente unida a outra.”
Ter raiz e estar ligado ao passado não é um problema, pois é dele que se constroem novos paradigmas, mas a supervalorização dessa memória pode significar uma falta de perspectivas para o futuro.
Empresas e comunidades buscam um modelo holístico de relacionamento como resposta às tempestades separacionistas e reducionistas de um passado cartesiano. Vivemos a era da conectividade, da co-criação, do netweaving de redes onde o universo não é mais fragmentado e o mecanicismo reduz os limites e potencialidades dos próprios seres humanos.
Ser âncora não deixa você navegar esse novo mundo. É preciso ser raiz e deixar nascer os novos frutos do futuro, usando o presente para o preparo do solo da transformação que será necessária em você, na sua empresa, no seu município, no mundo.
Faça a sua aposta em uma nova colheita e determine a energia necessária para minimizar os riscos da criação de novos valores, de uma nova imagem e um novo você.
Livre-se daquilo que pode até ter sido útil no passado, mas tornou-se um empecilho para construir e aprender o novo. Apague conhecimentos, atitudes, habilidades e preconceitos e abra espaço para se voltar para o futuro. Há muito o que desaprender. Mas não se trata apenas de técnicas. Trata-se mais de postura, de costumes, do modelo mental que ainda prevalece na transição da era do conhecimento.
Assim, como as tempestades, as coisas passam e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Não por orgulho ou por incapacidade, mas porque simplesmente não se encaixam mais em nossas vidas.
Se for preciso, feche as portas e janelas para aguardar a redução do caos, mas em seguida, não tenha medo: volte ao terreno e cuide das raízes que mesmo ocultas esperam alimentar uma sociedade mais digna, ética e que respeite uns aos outros.
E lembre-se: “Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão” (Fernando Pessoa)


ANA MARIA MAGNI COELHO
Produzido para o caderno Opinião
Mogi News - 19 de junho de 2010

Um comentário:

  1. Excelente texto, você escreve divinamente bem... e por falar em divino, dentro do contexto de raízes, deixo aqui um pensamento do iluminado Dom Helder Câmara:

    “Diante do colar belo como um sonho admirei, sobretudo o fio, que unia as pedras e se imolava nônimo para que todos fossem um.”

    Saudações empreendedoras e um afetuoso abraço,

    Bruno Bezerra
    TWITTER: @brunobezerra

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