quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

TRABALHO EM CASA


Nos últimos anos, a evolução da tecnologia da informação e a adoção de novas formas de trabalho estão revolucionando o relacionamento entre empresas e trabalhadores. Criação de novos modelos de negócios, formatos diferentes de prestação de serviço, esgotamento das vias públicas de transporte, valorização da qualidade de vida...
Muitos trabalhos que antes dependiam da presença de funcionários no ambiente corporativo hoje se abstraem disso, graças, principalmente, ao uso da internet e outras tecnologias da informação, como celulares. Entretanto, mantém-se a relação baseada em direitos trabalhistas consagrados. Há, portanto, um contrassenso instalado em plena era do conhecimento.
Uma lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff em dezembro passado trouxe a questão do trabalho à distância para o centro do debate sobre os direitos trabalhistas e sobre a possibilidade de ampliação do conceito de teletrabalho ou home office para diferentes setores da economia.
Entre tudo o que ouvi a respeito, me espanta perceber que grande parte das discussões segue na contramão da evolução do próprio trabalho. Advogados e juristas preocupam-se sobre os possíveis impactos da nova lei nas relações entre trabalhador e empresa, mas parecem deixar de lado os benefícios dessa evolução no mundo do trabalho para toda a sociedade. Hoje, por exemplo, São Paulo amanheceu debaixo de chuvas torrenciais. Um dia em que o trânsito fica caótico, os riscos de segurança ao funcionário que viaja são enormes e a produtividade de qualquer um se prejudica depois de horas e mais horas lutando para chegar ao escritório. Não seria ótimo realizar seu trabalho sem todo esse sufoco?!?
Num país 85% urbano e dependente de meios de transporte precários, poder trabalhar em casa, sem perda de tempo no trânsito e estando mais próximo da família, deveria ser visto como um avanço e uma contribuição para a qualidade de vida individual e coletiva.
No entanto, uma interpretação conservadora e retrógrada da nova lei classifica o uso de novas tecnologias como passíveis de gerar mais custos trabalhistas para as empresas. Para alguns advogados trabalhistas, e-mails ou celulares corporativos dão ao trabalhador a possibilidade de alegar disponibilidade integral e permanente à empresa, uma espécie de “plantão eterno”, que poderia gerar a cobrança de horas extras e outros encargos.
Contudo, uma interpretação positiva da lei cria bases jurídicas para consolidar e ampliar a flexibilização do trabalho. Se o mundo está entrando de forma definitiva numa era em que o conhecimento assume um valor importante na geração de renda e riqueza, precisamos adequar nossos processos a essa nova realidade. Pessoas que trabalham com conhecimento têm sua produtividade ancorada na satisfação pessoal, e não simplesmente em métricas de resultado ou horas trabalhadas.
Por isso, o uso da tecnologia no trabalho não pode ser estigmatizado como uma maneira de “explorar” o trabalhador, mas sim um meio de gerar benefícios mútuos à empresa e ao trabalhador. Trata-se de um novo formato que cria uma estrutura de relação trabalhista diferente, em que a vida pessoal e a profissional se fundem de maneira indelével. Enquanto a empresa continua a colher os frutos dos resultados do trabalho (presencial ou remoto) de seus funcionários, o home office aumenta a qualidade de vida de quem não tem de se locomover por ruas e avenidas congestionadas como também o equilíbrio de aspectos pessoais e profissionais, cada vez mais necessário nos dias atuais.
Mais do que discutir horas extras ou invasão de privacidade nas relações a distância entre empregados e empregadores, o importante seria preparar as pessoas para esse tipo de atividade. É preciso ter em mente que nem todas as relações são ideais e baseadas em respeito aos direitos e deveres de cada parte, mas também não se pode cercear a evolução das relações de trabalho burocratizando um relacionamento que deve ser baseado principalmente na confiança e no respeito recíprocos.
A empresa precisa ter objetivos, indicadores de resultados, políticas e regras claras para a oficialização desta proposta. Já o trabalhador em home office necessita bem administrar seu tempo, suas tarefas e seus prazos de entrega.
O sucesso na gestão do tempo dentro de casa depende muito mais da disciplina individual do que na empresa, onde a hierarquia de certa forma impõe o ritmo do trabalho. Pessoas bem organizadas com relação ao seu tempo provavelmente enfrentarão menores dilemas acerca do excesso de horas trabalhadas do que aqueles que têm problemas na gestão do tempo e na sua própria organização pessoal. Não podemos transferir um conflito que é pessoal para o relacionamento empresa-funcionário. Quem não tem tempo em casa, não o terá também no ambiente de trabalho, na igreja, no clube e até mesmo nos encontros com os amigos. E isso, nenhum juiz poderá avaliar!
Se você trabalha em casa, veja algumas dicas publicadas no Portal da Administração e aproveite!

4 comentários:

  1. Home sweete office. Mantenho um escritório para atendimento aos meus clientes e um home office - totalmente independente - apropriado ao meu trabalho de liquidação contábil de sentenças judiciais.

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  2. Eu trabalhei num escritório e quando chegava 10 mins após às 9 (meu horário), ele dizia: "se tem trânsito, sai mais cedo!"... Detalhe: nem registrada eu era! O pior de tudo é que meu caso não é isolado...
    O pior que NUNCA saía antes das 18:30 do escritório, ou seja, os 10 minutos de "atraso" eram diariamente compensados com juros... O stress foi tanto que fiquei doente! Força aí amiga, vc é muito guerreira por morar em Mogi e trabalhar em SP e te admiro muito por isso! Beijão!

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  3. Home office uma ou duas vezes por semana, no mínimo. Horários alternativos...as empresas em SP e arredores precisam entender que estão perdendo horas de produtividade de seus funcionários por não enxergarem que não á pra manter o horário comercial pra todos...

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  4. Sei bem o que isso, por seis anos pegava o fretado todo dia rumo a Bovespa-BM&F no centro de São Paulo, e olha que naquela época (Sai da Bolsa em 2005) os fretados podiam entrar livremente em São Paulo. Hoje graças a Deus estou trabalhando e atuando mais no Alto Tietê. Concordo com a Denise Byttoni, Teletrabalho é o futuro, digo, o presente!

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