Vivemos em um país de cultura estadista. A maioria das pessoas deposita no Estado a responsabilidade exclusiva pelas chamadas “políticas de desenvolvimento”, mas ainda reclama da obrigatoriedade do voto e da necessidade de escolha de seus representantes.
Não pretendo discutir política, mas sim o nível de cooperação e parceria necessárias para uma dinâmica econômica que considere o desenvolvimento humano, social e sustentável de uma região. Desenvolvimento não pode ser responsabilidade de um único ente federativo.
Agentes econômicos, organizações sociais, entidades do terceiro setor, associações de bairros e toda a sociedade civil devem trabalhar juntos para a quebra do modelo estadista de interação produtiva. A indução e efetividade dos compromissos e agendas locais de desenvolvimento exigem cada vez mais interação e protagonismo.
Promover o desenvolvimento é uma tarefa que cabe a cada um de nós. É a nossa forma de ver o mundo e de agir sobre ele que pode gerar as transformações que esperamos que os outros façam por nós.
De que adianta reclamar daquilo que é sua responsabilidade mudar? O que você, seu vizinho, seu patrão ou seu funcionário têm feito para contribuir para o desenvolvimento de sua região?
Apenas reclamar daquilo que é sua responsabilidade transformar não traz nenhum resultado na construção do novo. Ser protagonista é estar apto a desempenhar um papel importante nessa construção e saber escolher quem deverá estar ao seu lado.
Depositar unicamente nas urnas todas as expectativas de desenvolvimento é conformismo demais. É preciso participar e acreditar em estratégias de planejamento e de gestão compartilhada e eleger representantes que também acreditem, pois eles serão os responsáveis pela formulação das normas e regras que possibilitarão processos genuinamente participativos junto à comunidade local.
Uma comunidade que precisa acreditar em sua própria força e capacidade de realização. Uma comunidade que pode identificar, melhor do que ninguém, potencialidades, oportunidades, vantagens comparativas e competitivas, problemas, limites e obstáculos ao seu próprio crescimento. Uma comunidade capaz de estabelecer metas, definir prioridades, monitorar e avaliar resultados; enfim, capaz de gerar desenvolvimento em comum-unidade.
Só a imagem compartilhada de um futuro que se deseja criar pode estimular o compromisso e o envolvimento genuíno das pessoas, em lugar da mera aceitação. Trata-se de romper horizontes e construir novos paradigmas com cidadãos e organizações dispostos a assumir, no presente, as responsabilidades que garantirão o futuro das próximas gerações. A mudança não é fácil: implica mexer na zona de conforto e promover a percepção sobre a importância de uma participação mais ativa de todos nas esferas de decisão das políticas de desenvolvimento.
A inteligência de uma sociedade unida certamente ultrapassa a inteligência individual de seus membros. Protagonismo, cooperação e parceria podem produzir resultados extraordinários em prol das modificações necessárias na estrutura produtiva do nosso país.
Por isso, fomentar o desenvolvimento sustentável de uma região implica em erradicar uma pobreza que vai além falta de acesso à riqueza. Trata-se de acabar com a pobreza de conhecimento e de cidadania, pois é ela que impede as pessoas de aproveitarem as oportunidades existentes ou de descobrirem oportunidades onde elas aparentemente não existem.
ANA MARIA MAGNI COELHO
Publicado para o caderno Opinião - MogiNews
03 de julho de 2010
"Vivemos em um país de cultura estadista" contudo quase não temos estadistas no cenário político, o que mais temos são políticos viciados [muitos deles corruptos] em defender interesses pessoais e de grupos, e quase nunca se preocupam com o real desenvolvimento do seu povo e do país enquanto nação.
ResponderExcluirPor isso, a necessidade de gerar protagonismo!
ResponderExcluirÉ preciso força de mobilização e de envolvimento da sociedade civil na tomada de decisão para mobilização de fóruns locais/regionais e definição de agendas de políticas públicas em prol do desenvolvimento.
Públicas no sentido de pertencente ou relativo ao povo e não ao poder público!
2010 está aí pra isso...
Um abraço e continue colaborando com suas idéias e posições.
Ana Maria
Li a coluna hoje no Mogi News. Infelizmente, mudar a cultura de um povo é desafio hercúleo. Além de dizimar a cultura estadista, que coloca principalmente o Executivo no papel de salvador da pátria, é preciso estimular a maior participação popular. Seja pelo empreendedorismo, seja pela consciência política. Votar é escolher representantes, não delegar responsabilidades. Uma cidade, estado e país melhor é atividade cotidiana que depende de todos nós.
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