domingo, 22 de agosto de 2010

CULTURA E AÇÃO

A cultura é um elemento importante para o desenvolvimento. Não se trata de investimento supérfluo diante de tantos desafios sociais.
O começo do século XXI, marcado pelo crescimento econômico e o avanço tecnológico, traz consigo uma dramática situação social. O incremento da produção não é capaz de resolver problemas graves, como a fome, a má distribuição de renda, a falta de saneamento básico e os desafios climáticos, como o aquecimento global.
Crescimento econômico não traz, portanto, desenvolvimento. O modelo atual não é sustentável. Precisamos pensar em atividades economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente sustentáveis.
O desafio é enorme e a cultura é uma importante aliada nesta batalha. Elo entre os setores mais diferentes da sociedade, ela é capaz de renovar laços entre pessoas e grupos. Não se trata de pensar a cultura apenas como um mercado produtor de shows, espetáculos teatrais e produções cinematográficas. É preciso, sobretudo, incentivar ações e criar espaços que despertem a importância da vida em comunidade, buscando a inclusão e o acesso do maior número de pessoas possível.
Em Mogi das Cruzes, por exemplo, a valorização da cultura japonesa tem papel fundamental na rica e reconhecida produção agrícola do município. Sem dúvida, o cotidiano de luta, esforço e trabalho de agricultores da região é fundamental para o sucesso de produtos como o caqui, a orquídea ou o cogumelo no Brasil e no exterior. Mas será que sem a promoção de festas e feiras como o Akimatsuri e o Furusato Matsuri haveria os mesmos laços da produção agrícola com sua comunidade?
O incentivo e o apoio a feiras agrícolas, festas religiosas, orquestras, corais, artistas plásticos, peças teatrais e outras manifestações culturais são importantes. Valorizar a cultura de forma local estimula ações de alcance global por meio de estratégias que permitem a descentralização de ações para geração de negócios.
Contudo, festas e boa vontade não bastam. Uma boa estratégia cultural deve considerar também a formação de público e a conscientização da comunidade. Parcerias para custeio de ingressos são capazes de auxiliar nesse sentido, bem como a existência de espaços que sirvam de ponto de encontro para a população, como museus, teatros, bibliotecas e centros culturais.
Enfim, fomentar, descobrir, revelar e valorizar a efervescência cultural de uma região cria uma bem-vinda sensação de vida em comunidade. Criam-se sentimentos comuns, inclusive sobre os problemas que atingem as demais pessoas ao nosso redor. Só assim é possível construir a noção de bem comum que possibilita se apropriar e colocar em prática os conceitos de desenvolvimento sustentável – uma responsabilidade de todos, não só do Estado, da iniciativa privada ou das organizações sociais.
Somos um povo heterogêneo, mas certamente temos a cultura que nos une.

ANA MARIA MAGNI COELHO
Publicado no Caderno Opinião - MogiNews
21 de agosto de 2010

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